O TEMPO DA PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO

O Catecumenato é o espaço de tempo, em que os candidatos recebem formação (catequese) e exercitam-se praticamente na vida cristã. Esta etapa é conduzida por catequistas que podem inclusive terem atuado como introdutores na etapa anterior.

O Tempo de Purificação e Iluminação é o período em que é intensificada a preparação para a recepção dos Sacramentos da Iniciação Cristã: Batismo, Crisma e Eucaristia.

Neste tempo, a intensa preparação espiritual, mais relacionada à vida interior que à catequese, procura purificar os corações e espíritos pelo exame de consciência, e iluminá-los por um conhecimento mais profundo de Cristo, nosso Salvador. Serve-se para isso de vários ritos, sobretudo dos escrutínios.

Os escrutínios, solenemente celebrados aos domingos, têm em vista o duplo fim de descobrir o que houver de imperfeito, fraco e mau no coração dos eleitos, para curá-los, bem como, de consolidar aquilo que houver de bom, forte e santo no mesmo coração. Esta etapa culmina com os eleitos recebendo os Sacramentos do Batismo, Crisma e/ou da Eucaristia.

  1. O Tempo da Iluminação e da Purificação no catecumenato

    O tempo da purificação e da iluminação dos catecúmenos coincide habitualmente com a Quaresma, porque esta, tanto na liturgia como na catequese litúrgica, por meio da recordação ou da preparação do Batismo e pela Penitência, renova a comunidade dos fiéis, juntamente com os catecúmenos, e dispõe-nos para a celebração do mistério pascal que os sacramentos da iniciação cristã aplicam a cada um.

    Com o segundo degrau da iniciação cristã começa o tempo da purificação e da iluminação destinado a preparar mais intensivamente o espírito e o coração dos candidatos. Neste degrau é feita pela Igreja a «eleição» ou escolha e a admissão daqueles catecúmenos que, pelas suas disposições são idôneos para, na próxima celebração, tomarem parte nos sacramentos da iniciação. Chama-se «eleição», porque a admissão feita pela Igreja se funda na eleição de Deus, em nome de quem ela atua; chama-se «inscrição do nome», porque os candidatos escrevem o seu nome no livro dos «eleitos», como penhor de fidelidade.

    Antes de celebrar a «eleição», requere-se da parte dos catecúmenos a conversão da mente e dos costumes, um conhecimento suficiente da doutrina cristã e o sentido da fé e da caridade; requere-se, além disso, o exame sobre a sua idoneidade. Depois, na própria celebração do rito, os catecúmenos manifestam a sua vontade, e o Bispo ou o seu delegado o seu parecer, diante da comunidade. Assim fica patente que a «eleição», que se reveste de tão grande solenidade, é o momento decisivo de todo o catecumenato.

    A partir do dia da sua «eleição» e admissão, os catecúmenos passam a ser designados pelo nome de «eleitos». Também se dizem «competentes», porque caminham em conjunto para receberem os sacramentos de Cristo e o dom do Espírito Santo. Chamam-se também «iluminandos», porque o próprio Batismo se chama «iluminação» e porque por ele os neófitos são iluminados pela luz da fé. Contudo, em nossos dias, podem usar-se também outros termos que, segundo a diversidade das regiões e culturas, estejam mais ao alcance de todos, e sejam mais conformes o gênio das diferentes línguas.

    Durante este tempo, os catecúmenos são objeto de uma preparação interior mais intensa. Esta tem mais em vista o recolhimento espiritual do que a catequese, e destina-se à purificação do coração e da mente, através do exame de consciência e da penitência, e a sua iluminação por meio do conhecimento mais aprofundado de Cristo Salvador. Tudo isto se faz por meio de vários ritos, sobretudo pelos «escrutínios» e pelas «tradições».

Os «escrutínios», que devem ser celebrados solenemente ao domingo, têm em vista o duplo fim acima referido, a saber: pôr a descoberto o que no coração dos eleitos possa haver de fraqueza, enfermidade ou malícia, para que seja curado, e o que há de bom, válido e santo, a fim de o fortalecer. Os escrutínios destinam-se a libertar do pecado e do demônio e ao fortalecimento em Cristo que é o caminho, a verdade e a vida dos eleitos.

O Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA), ao introduzir o tempo de purificação e iluminação, nos diz que essa etapa deve ser realizada, normalmente, na Quaresma. O n. 133 do RICA apresenta a Quaresma como tempo para uma “preparação imediata para a iniciação”. O primeiro domingo da quaresma é o dia indicado habitualmente para celebrar a eleição ou inscrição do nome e o 3º, 4º e 5º domingos quaresmais são reservados para os escrutínios. A celebração dos escrutínios, realizada por meio dos exorcismos, ou que poderíamos chamar “orações de libertação”, tem por finalidade purificar os espíritos e corações, dar força contra as tentações e tudo mais em vista da mais estreita união com Cristo (cf. RICA, 154).

Como preparação próxima para os sacramentos:

1. Aconselhem-se os eleitos a que, no Sábado Santo, se abstenham, na medida do possível, das suas ocupações habitua is, consagrem o tempo à oração e ao recolhimento espiritual e observem o jejum, segundo as suas forças.
2. Neste mesmo dia, no caso de se fazer alguma reunião dos eleitos, podem celebrar-se alguns dos ritos de preparação próxima, por exemplo: a «redição» do Símbolo, o «Effathá», a escolha do nome cristão e, se ela se fizer, a unção com o Óleo dos catecúmenos.

2 – Estrutura metodológica para vivência da Purificação e iluminação na Quaresma e Tríduo Pascal

Primeiro Domingo: Celebração da Inscrição do nome e apresentação dos padrinhos (dos que vão ser batizados) e agradecimento aos introdutores/leitores. O nosso compromisso de participar da Campanha da Fraternidade. No encontro de catequese explicar os grandes acontecimentos do AT (Abraão, Moises e os Profetas).

Segundo Domingo: continuamos refletindo sobre os compromissos sociais da Campanha da Fraternidade e com a explicação dos grandes acontecimentos do AT (Abraão, Moises e os Profetas).

Terceiro Domingo: Bênção de Cristo, misericordioso. Lembramos a misericórdia de Cristo para com a Samaritana. No encontro de catequese explicar o Evangelho de João 4, 5 -42 e manifestar as maravilhas do Sacramento do Batismo e a nossa exigência para a missão.

Quarto Domingo: Bênção de Cristo, Luz do mundo. No encontro de catequese explicar o Evangelho do cego de nascença João 9, 1-41, e a nossa responsabilidade para “abrir” os olhos das pessoas para fazermos um mundo mais justo e solidário.

Quinto Domingo: Bênção do Pecado e da morte. No encontro de catequese explicar o Evangelho da revitalização de Lázaro João 11, 1-45, onde se manifesta que Cristo veio curar a humanidade anunciar a promessa de uma vida imortal.

Sexto Domingo: Domingos de Ramos e da Paixão. No encontro de catequese explicar a entrega e doação de Jesus. Explicar as leituras e especialmente o Evangelho que proclamado neste domingo, prepara-nos para entrar na Semana Maior. Comunicar as atividades e horários das celebrações.

Entramos na Semana Santa (Continua o Tempo da iluminação)

Segunda-feira Santa: Reúnem-se catequizandos com a família e aproveitem para meditar sobre a realidade do mistério redentor de Cristo e a sua misericórdia para conosco. Prepara-se para os que já foram batizados, uma liturgia da Palavra bem preparada com a Celebração penitencial.

Terça-feira Santa: Repetimos o itinerário catequético da segunda, preparado para outra turma, por exemplo, especialmente para adultos.

Quarta-feira Santa: Os catecúmenos preparam-se para meditar sobre o Tríduo Santo e nosso compromisso para trabalhar na divulgação e conscientização da Campanha da Fraternidade.

Quinta-feira Santa: Os catecúmenos preparam-se para meditar sobre os textos e a celebração da santa Ceia do Senhor; especialmente mostrando que não é possível celebrar a Eucaristia sem compromisso social. A Eucaristia é o sacramento social por excelência e Ela é quem norteia toda a nossa espiritualidade cristã.

Sexta-feira Santa: Participamos da celebração da Oração universal para a salvação de todos, Paixão e morte de Jesus, adoração da cruz e comunhão eucarística. Incentivarmos a nossa capacidade de pedir perdão e confiar na misericórdia do Senhor. Perdão pelas nossas omissões comunitárias e sociais, especialmente para com os mais pobres e vulneráveis.

Sábado Santo – Vigília Pascal: A Igreja desde cedo, segundo uma antiga tradição, se reúne para rezar junto do túmulo do Senhor. Em local a parte, os catecúmenos se reúnem para fazer uma avaliação da caminhada e dos propósitos atingidos ou não. Qual é a visão da Igreja que eles foram amadurecendo (colocação entre todos). Exame de consciência para reconhecer que somos pecadores necessitados da misericórdia do Pai e amor de Jesus que nos perdoa no Espírito. Os não batizados são ungidos com a unção pré-batismal e todos renovam a profissão de fé.

Domingo da Ressurreição: É o novo dia dos cristãos ressuscitados; possuem vida nova em Jesus. Preparam e celebram a Palavra e a Eucaristia. Após a celebração, preparar uma festa simples para festejar com todos.

3. Uma comunidade que caminha para vida nova

Recordando que toda a comunidade se renova nesse tempo juntamente com os catecúmenos, a Quaresma é o tempo favorável onde fiéis e catecúmenos se entregam ao recolhimento espiritual (cf. RICA, 152). Na celebração quaresmal se “reabre o caminho do Êxodo”, o tempo do deserto e da preparação, e igualmente se refaz o itinerário de cada batizado que rememora sua iniciação.

As leituras para o Ciclo Litúrgico do Ano A tem um acentuado caráter de catequese de iniciação. Do terceiro ao quinto domingo elas recordam a Samaritana, o Cego de nascença e a ressurreição de Lázaro. Enquanto as primeiras leituras retomam momentos específicos da história da salvação relacionados aos evangelhos. Água, luz e vida são símbolos fortes desses domingos, principalmente quando se rezam os escrutínios com os eleitos. As leituras se unem harmoniosamente com os textos das orações do RICA. Essas leituras, pela sua grande importância para a IVC, sobretudo onde há catecúmenos, são sugeridas também para os demais anos (B e C).

A celebração do catecumenato refaz a unidade perdida, ou em outros termos, reconcilia o vínculo entre catequese e liturgia. A índole batismal e catequética da caminhada quaresmal coloca a Igreja todos os anos em oração e união com os que se tornaram seus novos membros. Do mesmo modo, a cada quaresma, cada fiel revive o desejo de amar a Deus e de viver seu compromisso batismal. A comunidade é aquela que reza, instrui, acolhe e acompanha os eleitos no seu processo de iniciação. O tempo de purificação e iluminação não é somente um tempo para aqueles(as) envolvidos(as) no itinerário catecumenal, mas tempo para toda a comunidade dos fiéis. A necessidade de conversão como mudança de atitudes e mentalidade dialoga com a penitência quaresmal.

Compartilhe:

Leia Também